Já faz um bom tempo que ando tentando escrever por aqui, já comecei a falar sobre tudo o que aconteceu desde a ultima vez que abri uma tela de um blog e desandei a falar sobre mim. Já comecei a falar sobre os fatores cruciais que me fizeram retornar. Já desisti de tentar começar de novo, já criei um milhão de desculpas dentro da minha cabeça pra quando alguma amiga vier me perguntar o motivo pelo qual eu ainda não comecei, é, tem um milhão de desculpas esfarrapadas que começam com a falta de tempo, enrola com os pontos cruciais da vida das blogueiras em que atualmente é lutar contra a era do vídeo e termina na falta de coragem.
É que a coragem custou a fazer parte do meu dia a dia, é preciso coragem até pra ter coragem. Porque é um sentimento que vai mudar tudo, é o impulso que você precisa pra mudar de vida. Mas, nos últimos três anos da minha vida eu me senti dentro de uma jaula e a chave estava dentro do meu bolso. E não, eu não sou um animal feroz pronto para cometer uma loucura ou qualquer tipo de ameaça. Eu sou medrosa. Eu tenho medo de reações, entro em pânico só de pensar que algo que eu estou fazendo pode machucar alguém, porque eu preciso me preocupar com o próximo, eu preciso cuidar de quem está perto de mim. E isso me levou a entrar em diversas crises de identidade e de ansiedade.
Pessoas já chegaram pra mim e falaram : ” depois daquele dia parece que você sentou e simplesmente começou a ver a vida passar, não quis nem tentar mudar o que está acontecendo ao seu redor…” e eu sempre respondi que escolhi o caminho mais fácil. Argumento eu tenho de sobra, agora me fazer pautar um por um é o problema. Até que um dia eu olhei pra trás e me dei conta de tudo o que eu poderia ter conquistado. Abrindo uma exceção para outro comentário sobre minha personalidade, as vezes eu lamento demais. Sento na minha cama e começo a chorar lembrando que não tenho um diploma da faculdade, e que falhei na minha vontade de virar uma digital influencer porque também decidi não compartilhar tudo sobre minha vida para não gerar comentários. E aí eu começo a achar que não sou boa em nada e me lembro que a ultima coisa boa que fiz na vida foi escrever sobre meus sentimentos para milhares de pessoas semanalmente e ir dormir com um sorriso no rosto sabendo que ajudei alguém ali, naquele dia, uma pessoa que provavelmente está a km de distância de mim. Mas, quem disse que eu voltava a escrever ( agora, só agora e isso já está acontecendo já faz mais de um ano)
Até que um dia eu cansei de ficar sentada e ver a vida passar, por um milagre eu realmente senti que as coisas poderiam ser diferentes, aí coloquei a chave na fechadura e abri a porta pra mim. Não para novas pessoas, novas coisas, novos sonhos e blá blá blá. Mas me dei uma chance de me conhecer, de me posicionar na vida, sabe? De entender que está tudo bem vesti 44 e que eu não tenho que sair por aí dando explicações. Que está tudo bem conversar sobre os assuntos que eu gosto. Que está tudo bem expressar a minha opinião, falar o que eu gosto, falar o que eu não gosto. O que eu quero e o que eu não quero. Pra quem estava presa dentro de um sentimento de incapacidade tão grande, conseguir falar já é um grande passo. E talvez esse tenha sido meu ato mais corajoso dos últimos anos da minha vida.
Hoje eu consigo entender que a porta dessa jaula está aberta, meus pés já estão para fora mas eu ainda estou sentada na porta. Não tenho tanta pressa, porque agora eu já consigo ver algumas coisas com muito mais clareza. Ainda me falta um pouco de coragem pra arriscar em algumas áreas, ainda tenho dificuldade pra lidar com o medo. Mas pra quem não conseguia se levantar, chegar na porta já é meio caminho andado. E algo me diz que esse é só o inicio de um caminho longo e quem tem tudo pra ser o mais bonito em que já estive.