sobre medos e fracassos

11 de fev. de 2020


Já faz um bom tempo que ando tentando escrever por aqui, já comecei a falar sobre tudo o que aconteceu desde a ultima vez que abri uma tela de um blog e desandei a falar sobre mim. Já comecei a falar sobre os fatores cruciais que me fizeram retornar. Já desisti de tentar começar de novo, já criei um milhão de desculpas dentro da minha cabeça pra quando alguma amiga vier me perguntar o motivo pelo qual eu ainda não comecei, é, tem um milhão de desculpas esfarrapadas que começam com a falta de tempo, enrola com os pontos cruciais da vida das blogueiras em que atualmente é lutar contra a era do vídeo e termina na falta de coragem.
É que a coragem custou a fazer parte do meu dia a dia, é preciso coragem até pra ter coragem. Porque é um sentimento que vai mudar tudo, é o impulso que você precisa pra mudar de vida. Mas, nos últimos três anos da minha vida eu me senti dentro de uma jaula e a chave estava dentro do meu bolso. E não, eu não sou um animal feroz pronto para cometer uma loucura ou qualquer tipo de ameaça. Eu sou medrosa. Eu tenho medo de reações, entro em pânico só de pensar que algo que eu estou fazendo pode machucar alguém, porque eu preciso me preocupar com o próximo, eu preciso cuidar de quem está perto de mim. E isso me levou a entrar em diversas crises de identidade e de ansiedade.
Pessoas já chegaram pra mim e falaram : ” depois daquele dia parece que você sentou e simplesmente começou a ver a vida passar, não quis nem tentar mudar o que está acontecendo ao seu redor…” e eu sempre respondi que escolhi o caminho mais fácil. Argumento eu tenho de sobra, agora me fazer pautar um por um é o problema. Até que um dia eu olhei pra trás e me dei conta de tudo o que eu poderia ter conquistado. Abrindo uma exceção para outro comentário sobre minha personalidade, as vezes eu lamento demais. Sento na minha cama e começo a chorar lembrando que não tenho um diploma da faculdade, e que falhei na minha vontade de virar uma digital influencer porque também decidi não compartilhar tudo sobre minha vida para não gerar comentários. E aí eu começo a achar que não sou boa em nada e me lembro que a ultima coisa boa que fiz na vida foi escrever sobre meus sentimentos para milhares de pessoas semanalmente e ir dormir com um sorriso no rosto sabendo que ajudei alguém ali, naquele dia, uma pessoa que provavelmente está a km de distância de mim. Mas, quem disse que eu voltava a escrever ( agora, só agora e isso já está acontecendo já faz mais de um ano)
Até que um dia eu cansei de ficar sentada e ver a vida passar, por um milagre eu realmente senti que as coisas poderiam ser diferentes, aí coloquei a chave na fechadura e abri a porta pra mim. Não para novas pessoas, novas coisas, novos sonhos e blá blá blá. Mas me dei uma chance de me conhecer, de me posicionar na vida, sabe? De entender que está tudo bem vesti 44 e que eu não tenho que sair por aí dando explicações. Que está tudo bem conversar sobre os assuntos que eu gosto. Que está tudo bem expressar a minha opinião, falar o que eu gosto, falar o que eu não gosto. O que eu quero e o que eu não quero. Pra quem estava presa dentro de um sentimento de incapacidade tão grande, conseguir falar já é um grande passo. E talvez esse tenha sido meu ato mais corajoso dos últimos anos da minha vida.
Hoje eu consigo entender que a porta dessa jaula está aberta, meus pés já estão para fora mas eu ainda estou sentada na porta. Não tenho tanta pressa, porque agora eu já consigo ver algumas coisas com muito mais clareza. Ainda me falta um pouco de coragem pra arriscar em algumas áreas, ainda tenho dificuldade pra lidar com o medo. Mas pra quem não conseguia se levantar, chegar na porta já é meio caminho andado. E algo me diz que esse é só o inicio de um caminho longo e quem tem tudo pra ser o mais bonito em que já estive.

12 comentários:

  1. Que texto lindo! É muito daquilo que todo mundo deveria tentar entender: as pessoas reagem a certas coisas de formas diferentes. E muita gente não entende que, mesmo com medo e ainda fazendo e enfrentando as situações, a gente se torna corajoso. Pela leitura dá pra ver que você é uma pessoa muito sensível, no sentido de ser vulnerável às maneiras como a vida te toca. Espero que fique tudo bem! <3

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  2. Caramba, que texto que diz muito sobre mim!! Eu tenho momentos, as vezes estão ligada no 220 e nada me derruba e outras vezes me sinto exatamente como o texto descreve. Mas eu aprendi que a pressa é literalmente inimiga da perfeição ou da felicidade, então é bem assim, já vi a porta aberta, o primeiro passo vai chegar, mas calma, muita calma nessa hora rsrs

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  3. Belo texto! Todo mundo sempre acaba tendo medo de fracassar em algum momento, e eu passei por isso bem recentemente. Mas a vida é um aprendizado eterno!

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  4. o final desse texto foi tudo!!! é isso mesmo...não tem problema ser quem somos, expor nossa opinião, nem como a nossa vida anda. sei que fazer comparações entre a nossa vida e de outras pessoas é inevitável, mas a gente sempre tem que lembrar que cada um vive dentro de uma realidade, de um jeito, cada um tem seu caminho e não existe caminho certo.

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  5. Me identifico tanto. Um passarinho preso tem medo de voar, me senti tanto tempo numa gaiola, que tinha medo de sair e voar. Passei longos 3 anos presa na minha jaula emocional.2019 foi libertador para mim... mas como você ainda estou aprendendo a voar

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  6. Amei seu texto, tem aquela essência que nos faz se sentir em casa, abracada... Eu vivo em altos e baixos, no momento estou em uma fase da minha vida de reencontro comigo mesma

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  7. Oi, tudo bem? Achei bem interessante essa reflexão. Ainda mais por trazer tantos assuntos de uma vez. As vezes parecemos mesmo acomodados e só esperando a vida passar. É impressão? Não! É isso mesmo que fazemos algumas vezes. Percebi que estava desse jeito quando meu namorado começou a pontuar algumas situações. Temos a tendência a escolher o caminho mais fácil, o que não tem obstáculos, e não nos tira da zona de conforto. Porém é preciso reagir e ir atrás daquilo que queremos. Ninguém fará isso por nós! Um abraço, Érika =^.^=

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  8. Tanto tempo eu fiquei olhando a chave na mão, com medo de abrir a porta dessa jaula que todos nós, em um momento ou outro da vida, nos prendemos! Acho muito importante valorizarmos cada movimento, cada iniciativa e cada novo dia que vivemos. Espero que olhar pela porta renove suas energias e te dê a coragem necessária para voar.
    Literalize-se

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  9. Eu fiquei com a frase "é preciso coragem até pra ter coragem" martelando na cabeça até o fim do post e penso que se você tem a coragem de se expor com palavras dessa forma maravilhosa talvez não seja tão medrosa quanto pensa... Cautela, talvez, seja uma palavra mais adequada, e tá aí uma coisa que não dá pra ser contra.
    Agora que a porta tá aberta não tem risco de fechar. É um passinho de cada vez, vai limpando os degraus de entrada, apreciando a vista ao redor e, quando você menos esperar, logo vai correr saltitando pelo mundo!

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  10. Aaaaai que linda!!!! Até me arrepiei aqui! Guria, na verdade tu já deu o passo mais difícil que é abrir essa jaula, e agora tu vai ver que as coisas vão fluindo tão naturalmente, mesmo que às vezes demorem um pouco. É tão bom se conhecer, se amar, se perdoar, se sua mprópria melhor amiga <3 Parabéns! Muito sucesso nessa caminhada!

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  11. Percebo em mim que preciso de coragem todos os dias para várias coisas que faço: até mesmo para pegar meu carro e dirigir até o trabalho. Confiar em Deus faz toda a diferença em minha vida quado me encontro diante do medo. Dica: VIAJAR SOZINHA! Sabia que viajar sozinha ajuda você a se conhecer mais e a vencer muitos medos? Você percebe que é capaz de fazer coisas que nem acreditava. Viajar sozinha me aproxima de Deus e de mim mesma e aumenta meu "nível de coragem" pra vida. Que você encontre cada dia mais motivação para levantar todos os dias e ser corajosa para enfrentar a vida. Todos nós precisamos. ;)

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  12. Muito bonito seu texto e poder estar compartilhando conosco alguns pontos que também nos identificamos com a sua trajetória. Se prender dentro de sentimentos de incapacidade nos deixa se reação, por que acabamos "montando uma padrão" do que deveria ou não ser bom.

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